por Ciexpress
A tese de Lúcia da Silveira investiga o impacto das práticas da Ciência Aberta — avaliação por pares aberta, preprints e dados de pesquisa abertos — no processo editorial de periódicos científicos brasileiros. Em um contexto de crescente adesão à Ciência Aberta em todo o mundo, o estudo busca compreender como essas três dimensões estão sendo incorporadas nas políticas editoriais nacionais, destacando os desafios, oportunidades e resistências por parte dos editores de periódicos científicos.
O trabalho se baseia em uma abordagem metodológica quali-quantitativa, incluindo uma revisão de escopo para mapear as práticas e aplicação de questionário aos editores de periódicos brasileiros, a fim de entender suas percepções sobre a implementação de tais práticas. Além disso, foi realizada uma comparação com o cenário editorial da Espanha, revelando semelhanças e divergências sutis.
O objetivo central da pesquisa foi analisar como as práticas da Ciência Aberta afetam a editoração de periódicos científicos brasileiros, especificamente em relação à avaliação por pares aberta, preprints e dados de pesquisa abertos, identificando os elementos que impactam as políticas editoriais e as barreiras e oportunidades percebidas pelos editores.
A avaliação por pares aberta foi recebida com ceticismo por muitos editores. Embora a interação entre autores e revisores possa contribuir para a melhoria da qualidade dos artigos, os editores destacaram barreiras significativas, como conflitos de interesse, rivalidades acadêmicas e a resistência dos avaliadores em aceitar mudanças. O modelo tradicional de revisão duplo cega ainda é amplamente preferido, com os editores manifestando desconforto em relação à identificação de autores e revisores. Além disso, há preocupações de que a avaliação por pares aberta possa comprometer a imparcialidade e aumentar os riscos de retaliação entre os pares.
No que se refere aos preprints, embora o conceito seja amplamente conhecido pelos editores, a experiência prática com essa ferramenta é limitada. Apenas uma pequena parcela dos periódicos adota formalmente políticas relacionadas aos preprints. Os editores reconhecem que os preprints têm o potencial de acelerar a comunicação científica, favorecendo a disseminação rápida de resultados e fomentando a colaboração entre pesquisadores. No entanto, eles levantam preocupações sobre a falta de verificação formal da qualidade dos artigos depositados nessas plataformas, o que pode facilitar a disseminação de resultados que não passaram por uma avaliação criteriosa.
Em relação aos dados de pesquisa abertos, essa dimensão da Ciência Aberta foi a mais bem-aceita pelos editores. Eles identificaram vantagens significativas, como o aumento da transparência e a validação dos resultados publicados. No entanto, ainda persistem preocupações sobre o uso indevido e a exploração econômica dos dados. Os editores demonstraram receio de que a disponibilização aberta dos dados possa comprometer futuros projetos de pesquisa e interesses econômicos. Apesar dessas preocupações, muitos editores veem a implementação de políticas de compartilhamento de dados como uma evolução natural e necessária para aumentar a confiança no processo científico e a reprodutibilidade dos resultados.
A pesquisa conclui que, embora o movimento em direção à Ciência Aberta esteja crescendo, os editores brasileiros ainda resistem à adoção plena dessas práticas, principalmente devido à falta de infraestrutura e suporte institucional. A implementação dessas mudanças exige tanto adaptações culturais quanto o desenvolvimento de políticas que promovam transparência, responsabilidade e colaboração na comunicação científica. As recomendações incluem: criar políticas de avaliação por pares abertas que mantenham a integridade do processo; estruturar melhor as políticas editoriais de preprints, com orientações claras sobre a citação de versões; e priorizar políticas robustas de compartilhamento de dados, incentivando o uso de repositórios confiáveis. A tese de Lúcia da Silveira oferece uma contribuição relevante para a comunicação científica no Brasil, preenchendo uma lacuna na literatura e fornecendo um guia prático para a implementação de políticas de Ciência Aberta. O estudo destaca a necessidade de uma infraestrutura adequada e de uma cultura colaborativa para transformar a comunicação científica no país.
Para ler tese na íntegra:
SILVEIRA, Lúcia da. Políticas editoriais de periódicos no ecossistema da ciência aberta: impactos da avaliação por pares aberta, preprint e dados abertos. 2023. Tese (Doutorado em Comunicação e Informação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2023.
Texto elaborado com apoio de inteligência artificial, Large Language Model ChatGPT, e autorizada a divulgação pelo autor.
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